Projeto Memorias

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

HANS CHRISTIAN ANDERSEN

 

Hans Christian Andersen (1805-1875)
Nasceu em Odense, Dinamarca, no dia 2 de abril de 1805. Ainda muito jovem teve que trabalhar para se manter. Abandonou os estudos por falta de recursos. Começou a criar contos e pequenas peças teatrais. Vai para Compenhague, mas não encontra ninguém que o ajude ou empregue. Estuda balé, mas é atraído pelo teatro. Por sorte,  duas peças suas chegaram às mãos do conselheiro de Estado, que ofereceu-lhe uma bolsa de estudos. Passou seis anos na escola de Slagelse, terminando o curso com 22 anos. Para sair da crise financeira, escreveu histórias infantis, baseadas no folclore dinamarquês, as quais foram um sucesso e lhe deram fama.

 Obras:

A Agulha de Cerzir; A Margaridinha; A Pastora e o Limpador de Chaminés; A Pequena Sereia;
A Pequena Vendedora de Fósforos; A Roupa Nova do Rei; As Cegonhas; As Galochas da Fortuna;
Histórias Que o Vento Contou; João-Pato; Nicolau o Grande e Nicolau Pequeno; O Companheiro de Jornada; O Guardador de Porcos; O Isqueiro Mágico; O Jardim do Paraíso; O Menino Mau; O Patinho Feio; O Rouxinol; O Sino; Os Namorados; Os Novos Trajes do Imperador; Os Saltadores;
Os Sapatos Vermelhos; Soldadinho de Chumbo; Os Sapatinhos Vermelhos; Uma Família Feliz; Nada Como um Menestrel; O Improvisador e O Romance da minha Vida.


II – O TEXTO:

A PEQUENA VENDEDORA DE FÓSFOROS

Fazia um frio terrível; caía a neve e estava quase escuro; a noite descia: a última noite do ano.
Em meio ao frio e à escuridão uma pobre menininha, de pés no chão e cabeça descoberta, caminhava pelas ruas.
Quando saiu de casa trazia chinelos; mas de nada adiantavam, eram chinelos tão grandes para seus pequenos pézinhos, eram os antigos chinelos de sua mãe.
A menininha os perdera quando escorregara na estrada, onde duas carruagens passaram terrivelmente depressa, sacolejando.
Um dos chinelos não mais foi encontrado, e um menino se apoderara do outro e fugira correndo.
Depois disso a menininha caminhou de pés nus - já vermelhos e roxos de frio.
Dentro de um velho avental carregava alguns fósforos, e um feixinho deles na mão.
Ninguém lhe comprara nenhum naquele dia, e ela não ganhara sequer um níquel.

Tremendo de frio e fome, lá ia quase de rastos a pobre menina, verdadeira imagem da miséria!
Os flocos de neve lhe cobriam os longos cabelos, que lhe caíam sobre o pescoço em lindos cachos; mas agora ela não pensava nisso.
Luzes brilhavam em todas as janelas, e enchia o ar um delicioso cheiro de ganso assado, pois era véspera de Ano-Novo.
Sim: nisso ela pensava!
Numa esquina formada por duas casas, uma das quais avançava mais que a outra, a menininha ficou sentada; levantara os pés, mas sentia um frio ainda maior.
Não ousava voltar para casa sem vender sequer um fósforo e, portanto sem levar um único tostão.
O pai naturalmente a espancaria e, além disso, em casa fazia frio, pois nada tinham como abrigo, exceto um telhado onde o vento assobiava através das frinchas maiores, tapadas com palha e trapos.

ANDERSEN, Hans Christian. Disponível em
http://www.qdivertido.com.br

IRMÃOS GRIMM

Os Irmãos Grimm - Jacob Grimm (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859).
Nasceram na cidade de Hanau (no estado de Hessen, na região central da Alemanha), de uma família de pastores da Igreja Calvinista Reformada. A infância dos irmãos foi vivida na aldeia de Steinau, onde o pai atuava como funcionário de Justiça e Administração do Conde de Hessen.
A morte súbita do pai em 1796 lançou a família na miséria, e os dois filhos mais velhos, Jacob e Wilhelm, foram enviados em 1798 para morar com a tia, na cidade de Kassel, onde cursaram o Ensino Médio no Friedrichsgymnasium.

Ao contrário dos românticos, que tendiam a idealizar a Idade Média, os Grimm focalizaram o passado em busca de explicação para as condições vividas no presente pelas terras alemãs. Como bibliotecários, os Grimm tinham fácil acesso a textos e manuscritos raros, e dentro em pouco descobriram um volume de Johann Michael Moscherosch contendo o conto “O Camundongo, o Passarinho e a Linguiça”. Logo passaram a buscar fontes orais e, para isso, recorreram a amigos e conhecidos. Além das 16 narrativas absorvidas de publicações e manuscritos, o primeiro volume de contos de fadas dos Grimm, publicado em 1812, contém diversas contribuições. Estudiosos e letrados, os Grimm procederam a um complexo trabalho de depuração dos textos.

OBRAS:
João e Maria; Branca de Neve; A Gata Borralheira; Rapunzel; Chapeuzinho Vermelho; Os músicos de Bremen; Os três cabelos de ouro do diabo; A donzela sem mãos; O lobo e as sete crianças; O ganso de ouro; Os sete corvos; O fiel João; Os dois irmãos.

II – O TEXTO:
CHAPEUZINHO VERMELHO
Era uma vez uma linda menina chamada chapeuzinho vermelho.
Um certo dia sua mãe pediu que ela levasse uma cesta de doces para a sua avó que morava do outro lado do bosque.
Chapeuzinho vermelho estava caminhando pelo bosque quando encontrou o lobo.
- Aonde vai chapeuzinho ? Perguntou o lobo.
-        Na casa da vovó levar uma cesta de doces. Respondeu Chapeuzinho.
-        Muito bem boa menina, por que não leva flores também? Enquanto Chapeuzinho colhia as flores o lobo correu para a casa da vovó. Bateu a porta e imitando a voz de chapeuzinho vermelho pediu para entrar.
Assim que entrou deu um pulo e devorou a vovó inteirinha, depois colocou a touca, os óculos e se cobriu, esperando chapeuzinho.
Quando chapeuzinho chegou o lobo pediu para ela chegar mais perto.
-                    Vovó que orelhas grandes ! Disse Chapeuzinho.
-                    É para te ouvir melhor. Disse o lobo.
-                    Que olhos enormes Vovó!.
-                    É para te ver melhor.
-                    Que nariz comprido !
-                    É para te cheirar.
-                    E essa boca vovozinha, que grande!
-                    É pra te devorar !!!.
Então, o lobo pulou da cama e correu para pegar chapeuzinho.
Um lenhador que passava perto da casa ouviu o barulho e foi ver o que era.
O lobo tentou fugir, mas o lenhador atirou e matou o lobo.
Chapeuzinho apareceu e disse que o lobo havia engolido a vovó.
O lenhador abriu a barriga do lobo e tirou a vovó sã e salva.
Elas foram felizes para sempre.

GRIMM, Irmãos. Adaptação do conto clássico . Disponível em:  http://algumashistoriasinfantis.blogspot.com.br

JÚLIO VERNE

 
Júlio Verne, em francês Jules Verne (1828-1905)
Nasceu em Nantes a 8 de fevereiro de 1828 e morreu em  Amiens a 24 de março de 1905. Foi o filho mais velho de uma família formada por cinco filhos, pai e mãe. Seu pai, Pierre Verne, era advogado e sua mãe, Sophie Allote de la Fuÿe, era de uma família burguesa de Nantes 2. Para muitos críticos literários o escritor é o precursor do gênero de ficção científica, haja vista suas  predições em seus livros sobre o aparecimento de novos avanços científicos, como os submarinos, as máquinas voadoras e viagem à lua. Verne é um dos escritores mais traduzidos em toda a história da literatura universal, tendo sido traduzido para 148 idiomas. Também teve seus livros – mais de 100 obras – adaptados para TV e cinema por diversas vezes.

Obras:



II – O TEXTO:

Desespero e Escuridão
 
[...]  Tudo corria bem, até que algo muito grave aconteceu comigo. Foi assim: no dia 7 de agosto, atingimos um trecho do túnel que era pouco mais inclinado. Eu ia na frente, seguido por meu tio. De repente, ao me virar, estava sozinho. Talvez tivesse andado muito depressa e resolvi voltar para alcançar meus companheiros. Andei durante quinze minutos e não os encontrei. Chamei por eles e não obtive resposta. Andei mais meia hora. Um silêncio medonho reinava na galeria. Lembrei-me do riacho. Bastaria voltar acompanhando seu curso, e certamente encontraria a pista dos meus companheiros. Abaixei-me para tocar a água e descobri que estava tudo seco. O córrego havia sumido.
Entrei em desespero. Morreria de sede e fome! O córrego devia ter seguido outro caminho. Não havia uma única pista para poder voltar. Eu estava perdido nas entranhas da terra. Tentei pensar em outras coisas, como a nossa casa em Hamburgo, minha querida Grauben, meu tio, que a essa altura devia estar desesperado à minha procura. Rezei para encontrar uma saída. Eu ainda tinha alimento e água para três dias. Precisava fazer alguma coisa, mas não sabia se devia subir ou descer. Resolvi subir. Precisava encontrar o córrego. Subi, mas não reconheci o caminho. Tive certeza de que aquela galeria não me levaria a lugar nenhum. Desesperado, sem enxergar direito e muito nervoso, bati contra uma parede e caí. Algum tempo depois, acordei perdido num labirinto de curvas. Minha lanterna estava amassada, com a luz fraca. A qualquer momento, poderia se apagar. Meu desespero aumentou. Comecei a correr naquele labirinto sem saída, chamando, gritando, uivando, batendo contra as rochas. Depois de algumas horas, caí novamente e perdi a consciência.
Quando recobrei os sentidos, percebi que estava machucado. Nunca senti uma solidão tão grande em toda a minha vida. Ia desmaiar novamente, quando ouvi um ruído forte em algum lugar daquele abismo. Talvez fosse a explosão de algum gás ou uma pedra caindo. Depois o silêncio voltou a reinar.

VERNE, Júlio. Viagem ao centro da Terra. São Paulo: Scipione, 2004. Páginas 29-32