Projeto Memorias

quarta-feira, 11 de março de 2015

TATIANA BELINKY



 

Tatiana Belinky (1919-2013)
Nasceu em São Petersburgo (Rússia) no dia 18 de março de 1919. Morreu em São Paulo em 15 de junho de 2013. Aos dezoito anos começou a trabalhar como secretária-correspondente bilíngüe (Português e Inglês). No ano de 1948, começa a trabalhar em adaptações, traduções e criações de peças infantis para a Prefeitura de São Paulo em parceria com o marido. Em 1987 publicou o primeiro livro: "Limeriques", pela editora FTD, baseando-se nos limericks irlandeses. Suas obras receberam vários prêmios literários, entre eles o Jabuti, em 1989.

OBRAS:
Crônica - Acontecências, 2002.
Infanto-juvenis - Medroso! Medroso!, 1985; Stanislau, 1986; Que horta!, 1987;  Represália de bicho, 1988; Quatro amigos, 1990; Saladinha de queixas, 1991;  Rimandinho, 1992; O que eu quero, 1993; Quem parte reparte, 1994; Quem casa quer casa?, 1995; Que tal?, 1996; Diversidade, 1999; Estorinha de caçador, 2000;  Sou do contra, 2001; Vrishadarbha e a pomba, 2002; Rita, Rita, Rita!, 2003; Trazido pela rede, 2004; Tudo bem! Ou não?, 2005.
Memória - Transplante de menina, 1989.

II – O TEXTO:
“E foi nessa avenida Rio Branco que tivemos a nossa primeira impressão – e que impressão! – do carnaval brasileiro. Eu já tinha ouvido falar em carnaval: na Europa, era famoso o carnaval de Nice, na França, com a sua decantada batalha de flores; e o carnaval de Veneza, mais exuberante, tradicional, com gente fantasiada e mascarada dançando e cantando nas ruas. E havia também os luxuosos, e acho que “comportados”, bailes de máscaras, em muitas capitais europeias. Eu já ouvira falar em fasching, carnevale, Mardi Gras – vagamente. Mas o que eu vi, o que nós vimos, no Rio de janeiro, não se parecia com nada que eu pudesse sequer imaginar nos meus sonhos mais desvairados.
Aquelas multidões enchendo toda a avenida, aquele “corso” – o desfile interminável e lento de carros, pára-choque com pára-choque, capotas arriadas, apinhados de gente fantasiada e animadíssima. Todo aquele mundaréu de homens, mulheres, crianças, de todos os tipos, de todas as cores, de todos os trajes – todos dançando e cantando, pulando, saracoteando, jogando confetes e serpentinas que chegavam literalmente a entupir a rua e se enroscar nas rodas dos carros… E os lança-perfumes, que que é isso, minha gente! E os “cordões”, os “ranchos”, os “blocos de sujos” – e todo o mundo se comunicando, como se fossem velhos conhecidos, se tocando, brincando, flertando – era assim que se chamavam os namoricas fortuitos, a paquera da época -, tudo numa liberdade e descontração incríveis, especialmente para aqueles tempos tão recatados e comportados…  (…)
E pensar que a gente não compreendia nem metade do que estava acontecendo! Todo aquele alarido, todas aquelas luzes, toda aquela agitação, toda aquela alegria desenfreada – tudo isso nos deixou literalmente embriagados e tontos de impressões e sensações, tão novas e tão fortes que nunca mais esqueci aqueles dias delirantes. Vi muitos carnavais depois daquele, participei mesmo de vários, e curti-os muito. Mas nada, nunca mais, se comparou com aquele primeiro carnaval no Rio de Janeiro, um banho de Brasil, inesquecível…”
BELINKY, Tatiana. Transplante de menina. Disponível em: 
http://abr-casa.com.br/blog/te-indico-um-livro/2013/06/17/transplante-de-menina-valeu-tatiana-belinky/

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