Monteiro Lobato (José Renato Monteiro Lobato, 1882-1948) foi escritor e editor
brasileiro e um dos primeiros autores de literatura infantil do país. Boa parte
de suas obras é de literatura infantil. Situa-se entre os autores do
Pré-Modernismo.
Nasceu em Taubaté,
São Paulo, no dia 18 de abril de 1882. Morreu no dia 5 de julho de 1948 de
problemas cardíacos. Era filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia
Monteiro Lobato. Menino irrequieto, recusou-se a fazer a primeira comunhão. Fez
o curso secundário em Taubaté. Com 13 anos foi estudar em São Paulo no Instituto
de Ciências e Letras para se preparar para a Faculdade de Direito. Ingressou na
Faculdade de Direito do Largo de São Francisco na capital, formando-se em 1904.
Em 1921 publica
"Narizinho Arrebitado", que obteve grande sucesso e integra as
aventuras da turma do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, que nos anos de 1980 foi
adaptada para a televisão com enorme repercussão.
Obras:
CONTO - Idéias de Jeca Tatu, 1918;. Urupês,
1918; Cidades Mortas, 1920; Negrinha, 1920
LITERATURA INFANTI - O Saci, 1921; Fábulas de
Narizinho, 1921; Narizinho Arrebitado, 1921; O Marquês de Rabicó,
1922; Aventuras de Hans Staden, 1927; Peter Pan, 1930; Reinações
de Narizinho, 1931; Viagem ao Céu, 1931; Caçadas de Pedrinho,
1933; Emília no País da Gramática, 1934; História das Invenções,
1935; Memórias da Emília, 1936; Histórias de Tia Nastácia, 1937; Serões
de Dona Benta, 1937; O Pica-pau Amarelo, 1939.
ROMANCE - O Macaco que se fez Homem, 1923; Mundo da Lua,
1923.
II – O TEXTO:
Pôr de sol de
trombeta
- O pôr do sol de
hoje é de trombeta – disse Emília, com as mãos na cintura, de pezinha sobre o
batente da porteira onde, naquela tarde, depois do passeio pela floresta, o
pessoal de Dona Benta havia parado. Eles nunca perdiam ensejo de aproveitar os
espetáculos da natureza. Nas chuvas fortes, Narizinho ficava de nariz colado à
janela, vendo chover. Se ventava, Pedrinho corria à varanda com o binóculo para
espiar a dança das folhas secas – “quero ver se tem saci dentro”.
E o Visconde dava as
explicações científicas de todas as coisas.
O pôr do sol daquele
dia estava realmente lindo. Era um pôr do sol de trombeta. Por quê? Porque
Emília tinha inventado que em certos dias o Sol “tocava trombeta a fim de
reunir todos os vermelhos e ouros do mundo para a festa do acaso”. Diante dum
pôr de sol de trombeta ninguém tinha ânimo de falar, porque tudo quanto
dissessem saía bobagem. Mas Dona Benta não se conteve.
- Que maravilhoso
fenômeno é o pôr do sol! – disse ela.
Emília deu um pisco
para o Visconde por causa daquele “fenômeno”, e resolveu encrencar.
- Por que é que se
diz “pôr do sol”, Dona Benta? – perguntou com o seu célebre ar de anjo de
inocência. – Que é que o Sol põe? Algum ovo?
Dona Benta percebeu
que aquilo era uma pergunta-armadilha, das que forçavam certa resposta e
preparavam o terreno para o famoso “então” da Emília.
- O sol não põe nada,
bobinha. O sol põe-se a si mesmo.
- Então ele é o ovo de si mesmo. Que graça!
LOBATO, Monteiro. A
chave do tamanho, In Obra infantil completa. Vol. 3.
Edição Centenário (1882-1982), São Paulo: Brasiliense,
p.1105
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