Projeto Memorias

quarta-feira, 11 de março de 2015

ANA MARIA MACHADO


 
Ana Maria Machado nasceu em Santa Tereza, Rio de Janeiro, no dia 24 de dezembro de 1941. É escritora e jornalista brasileira. Faz parte da Academia Brasileira de Letras. Foi eleita para a presidência da desta Academia no biênio 2012/2013. Abandonou a carreira de pintora para se dedicar aos livros. Nos anos de 1960, foi exilada pelo regime militar, indo morar na Europa. Em Paris, trabalhou na revista Elle. Fez doutorado em linguística orientada por Roland Barthes.
Em 1977, ganhou o prêmio João de Barro pelo livro "História Meio ao Contrário". Em 1993, foi hors concours do prêmio da Fundação Nacional do Livro Juvenil. Em 2001, recebeu o Prêmio Literário Nacional Machado de Assis, na categoria conjunto da obra. Tem mais de 100 livros publicados. Ocupa a cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Letras.

Obras:

BIOGRAFIA - Esta Força Estranha.
COLETÂNEAS - Conta Corrente; Democracia.
INFANTO-JUVENIS - A Jararaca, a Perereca e a Tiririca; Abrindo o Caminho; Alguns Medos e Seus Segredos; Amigo É Comigo; Amigos Secretos; Bem do seu Tamanho; Bento que Bento é o Frade; De Carta em Carta; De Olho nas Pernas; Do Outro Mundo; Era Uma Vez Três; Isso Ninguém Me Tira; Menina Bonita do Laço de Fita; O Canto da Praça; O Domador de Monstros; O Gato do Mato e o Cachorro do Morro; O Mistério da Ilha; Que É?; Quem Manda Na Minha Boca Sou Eu!; Raul da Ferrugem Azul; Tudo ao Mesmo Tempo Agora.
NOVELA - Bisa Bia, Bisa Bel.
ROMANCES - A Audácia dessa Mulher; Alice e Ulisses; Aos Quatro Ventos; Canteiros de Saturno; O Mar Nunca Transborda; Para Sempre; Tropical Sol e Liberdade.
TESE - Recado do Nome.

II – O TEXTO:
...E então eles se casaram, tiveram uma filha linda como o raio de sol e viveram felizes para sempre...
Tem muita história que acaba assim. Mas este é o começo da nossa. Quer dizer, se a gente tem que começar em algum lugar, pode muito bem ser por aí. Vai ser a história da filha desses tais que se casaram e viveram felizes para sempre. E a história dos filhos começa é na história dos pais. Ou na dos avós, bisavós, tataravós ou requeta tatataravós – se alguém conseguir dizer isso e se lembrar de todas essas pessoas.
Bem, tem alguém que lembra. Índio lembra. Em muitas tribos, pelo menos. (...)
Mas isso é coisa de índio. Homem branco hoje em dia não liga mais para essas coisas. Prefere saber escalação de time de futebol, anúncio de televisão, capitais de países, marcas de automóveis e outras sabedorias civilizadas.
Você sabe a história dos seus pais? E dos seus avós? E dos seus bisavós? Eu também não sei muito não. Mas quando não sei invento.
Tem gente que gosta, acha divertido. Tem gente que só quer saber de histórias muito exatas e muito bem arrumadinhas – então é melhor mudar de história, porque esta aqui é meio atrapalhada mesmo e toda ao contrário.
Ela nem começou direito e já apareceram aí em cima uns índios que não têm nada a ver com a história. Mas é que eu gosto muito de índios e piratas (por isso adoro a história de Peter Pan) e toda hora eu lembro deles.
Mas vamos começar de novo pelo começo.
... E então eles se casaram, tiveram uma filha linda como um raio de sol e viveram felizes para sempre.
MACHADO, Ana Maria. História meio ao contrário. São Paulo: Ática, 1979.

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